sábado

No frigir dos ovos, a conversa rende mais do que o esperado...!

Olá, queridos leitores!!! Mamis recebeu um e_mail que eu quase chorei de rir! Gente, não dá pra imaginar que na nossa amadíssima língua portuguesa existam tantas expressões! E melhor: só sobre o quesito "Alimentar". Como assim!?

LEIAM O TEXTO A SEGUIR, SUPER LEGAL!!

Pergunta:

Alguém sabe me explicar, num português claro e direto, sem figuras de linguagem, o que quer dizer a expressão "no frigir dos ovos"?


Resposta:

Quando comecei, pensava que escrever sobre comida seria sopa no mel, mamão com açúcar. Só que depois de um certo tempo dá crepe, você percebe que comeu gato por lebre e acaba ficando com uma batata quente nas mãos. Como rapadura é doce mas não é mole, nem sempre você tem idéias e pra descascar esse abacaxi só metendo a mão na massa.


E não adianta chorar as pitangas ou, simplesmente, mandar tudo às favas.



Já que é pelo estômago que se conquista o leitor, o negócio é ir comendo o mingau pelas beiradas, cozinhando em banho-maria, porque é de grão em grão que a galinha enche o papo.



Contudo é preciso tomar cuidado para não azedar, passar do ponto, encher linguiça demais. Além disso, deve-se ter consciência de que é necessário comer o pão que o diabo amassou para vender o seu peixe. Afinal não se faz uma boa omelete sem antes quebrar os ovos.



Há quem pense que escrever é como tirar doce da boca de criança e vai com muita sede ao pote. Mas como o apressado come cru, essa gente acaba falando muita abobrinha, são escritores de meia tigela, trocam alhos por bugalhos e confundem Carolina de Sá Leitão com caçarolinha de assar leitão.



Há também aqueles que são arroz de festa, com a faca e o queijo nas mãos, eles se perdem em devaneios (piram na batatinha, viajam na maionese.. etc.). Achando que beleza não põe mesa, pisam no tomate, enfiam o pé na jaca, e no fim quem paga o pato é o leitor que sai com cara de quem comeu e não gostou.



O importante é não cuspir no prato em que se come, pois quem lê não é tudo farinha do mesmo saco. Diversificar é a melhor receita para engrossar o caldo e oferecer um texto de se comer com os olhos, literalmente.



Por outro lado se você tiver os olhos maiores que a barriga o negócio desanda e vira um verdadeiro angu de caroço. Aí, não adianta chorar sobre o leite derramado porque ninguém vai colocar uma azeitona na sua empadinha, não. O pepino é só seu, e o máximo que você vai ganhar é uma banana, afinal pimenta nos olhos dos outros é refresco...



A carne é fraca, eu sei. Às vezes dá vontade de largar tudo e ir plantar batatas. Mas quem não arrisca não petisca, e depois quando se junta a fome com a vontade de comer as coisas mudam da água pro vinho.



Se embananar, de vez em quando, é normal, o importante é não desistir mesmo quando o caldo entornar. Puxe a brasa pra sua sardinha, que "no frigir dos ovos" a conversa chega na cozinha e fica de se comer rezando. Daí, com água na boca, é só saborear, porque o que não mata engorda.



Entendeu o que significa “no frigir dos ovos”?

Infelizmente, não está no e_mail o (a) autor (a) desse divertidíssimo texto, mas palmas para ele (a), não é mesmo?

Un gran besito,
La española que se está riendo hasta ahora, con este texto!



domingo

What Would Jane Austen Do?

Finalmente, 12 de junho (clique aqui para ler o post sobre o Valentine's Day). Então você afirma com absoluta certeza: "ela tem um namorado!". Bem, não tecnicamente. Embora eu mantenha relacionamentos estáveis com... meus livros. Não, você não leu errado. Os livros são meus namorados. Nunca me magoaram, sempre surpreendem, me acompanham, me fazem rir, chorar e suspirar. Não têm braços para envolverem meus ombros ou  palavras amáveis a dizer. Embora o silêncio de todas as suas páginas, por vezes, seja uma declaração de amor.
Mas nada disso vem ao caso. Na verdade, costumo dizer que hoje é o dia de Jane Austen (nascida em 1775, foi uma das escritoras mais influentes de todos os tempos, criticando a sociedade inglesa da época, principalmente as restrições impostas às mulheres): nunca se casou, apesar de todas as suas histórias envolverem o matrimônio, e tornou-se ícone feminino. Portanto, essa é uma daquelas datas em que eu abro Orgulho e Preconceito (e eu que não gostava de um dos meus livros preferidos, no começo!) em uma página qualquer e penso, repenso, sonho, idealizo e pergunto por onde anda meu Mr. Darcy, porque TÁ DIFÍCIL, cara.
Cavalheiros, onde estão vocês? Porque vou te contar, viu! Ou eu não faço o tipo dos gentlemans ou eles moram muito longe da minha humilde residência. E não me refiro aos homens (mas se a carapuça serve...). Falo sobre os ga-ro-tos. Sim, os pirralhos da minha idade. Onde foram parar os rapazes gentis e românticos dos tempos das minhas avós? Então eu penso nas histórias da Vó Ina. "Ah, quando eu era moça e precisava pegar o bonde, me lembro que os moços ficavam loucos quando as meninas levantava a barra do vestido para mostrar um pedaço das pernas!". E tem gente que ainda me xinga só por eu dizer que nasci na época errada. Arrrgh! Nestes nossos tempos - eu não diria "liberais", pois seria hipocrisia. Talvez "desregrados" demais - a juventude quer "ficar". Às vezes ouço uns colegas se vangloriarem, dizendo que "pegaram" fulaninha na festa tal, beberam não-sei-o-quê e ficaram de ressaca. Mas dá é vontade de soltar um palavrão! Meu Deus, moleque, você acabou de largar as fraldas, não tem sequer dezesseis anos! Sem contar que um par de pernas à mostra mais atrai a atenção deles que um sorriso bonito. As garotas também são assim, por vezes. Mas nada que diminua minha frustração em relação a esses candidatos a seres do sexo masculino (projetos que um dia serão considerados "homens").
Todavia, eu continuo pensando e deixando minha mente voar - o que o pai dos meus filhos está fazendo agora? Conversei sobre isso com minha mãe num dia desses. E ri, brincando ao dizer que ele estaria assistindo ...E O Vento Levou. É claro, óbvio e evidente que empreguei certa ironia em minha voz, até porque eu mesma sei que essa hipótese é meio... hm... impossível. Minha mãe soltou uma gargalhada e disse "sonha!". Quando minha mãe diz "sonha", é sinal de que as coisas estão muito, mas MUITO feias.
Há algumas semanas atrás, estava na arquibancada do ginásio da minha escola com uma amiga, durante o jogo de futebol feminino. Ela estava com o pé machucado e eu... Bem... Educação física não é nem de longe minha aula preferida e... Tá bom, vá lá, não era minha intenção mentir, mas foi necessário. Enfim. Nós conversávamos e observávamos o jogo dos garotos quando eu comentei que nunca teria um príncipe para um baile de debutantes. Júlia respondeu, entusiasmada e ainda com naturalidade, mais ou menos assim: "Mari, eu acho que você vai encontrar o amor da sua vida em uma livraria. Você vive enfiada nos livros. Você vai pegar um livro e aí ele vai aparecer, e vai esbarrar a mão dele na sua mão. Vocês vão ficar com vergonha, mas ele vai te entregar o tal livro e te convidar pra tomar um café. Tcharan!" Ela praticamente encenou meu possível futuro encontro. A essa altura, eu já me imaginava dançando com ele em meio aos livros, alguma música da Norah Jones saída sabe-se-lá-de-onde (já mencionei que pretendo me casar ao som de Norah Jones?)
Isso me leva a pensar: o que Jane faria nesse mundo parvo, em que suas opções mais felizes são: 1) sonhar 2) imaginar e 3) rir de si mesma por todas essas besteiras? Santa Austen, dê um jeito nesses caras!

P.S.: Ju, diva, graças à nossa conversa naquela aula de edução física, toda vez que vou à alguma livraria, me encosto com algum livro junto a uma estante qualquer e fico esperando meu gentleman aparecer.

Sometimes, The New York Girl is part of The Old School. Yes, in literal sense :)

sexta-feira

Nota 10 não é nada cool

Ter “A” no boletim, estudar para provas, acertar as perguntas de um professor, receber elogios por trabalhos bem feitos não são mais conquistas admiradas e almejadas por considerável parte da juventude. Transviada? Não. Apenas tentando encontrar o próprio caminho, como tantas outras gerações, desde os primórdios da história. Mas nos tempos modernos e tecnológicos de nosso parvo mundo, moças e rapazes têm como espelho celebridades instantâneas, não mais as grandes mentes que mudaram a humanidade. Estudantes com bom desempenho são agora alvo de chacotas e brincadeiras de mal gosto. O bullying, como se diz, vem levando os pequenos e esforçados gênios de nossas instituições a sentirem-se humilhados e reprimidos. Seu rendimento e auto-estima provavelmente caem. Sem falar nas tantas outras conseqüências acarretadas por esse novo modo de pensar. Não é hora de nos perguntarmos sobre onde perdemos a linha tênue do bom censo?


Na modernização mundial encontramos a resposta. Tecnologia, globalização, interação.  Praticamente benéficos em sua totalidade, os fenômenos que “transformaram um mundo numa só nação” (há controvérsias – e muitas!) podem ser julgados como “vilões” dessa nova linha de pensamento que tomou conta dos jovens. Consumir é o lema estampado nas faces e bolsos de cada um e os padrões de beleza e comportamento impostos pela mídia a partir dos anos 60 (quando surgiu, por exemplo, a idéia de que a mulher precisa ser magra para ser bela), de mãos dadas com o primitivo American Way Of Life, transformaram a sociedade em um grande cartão de crédito ambulante, que segue tendências e mais tendências. Assim, os jovens, como disseminadores de doutrinas e donos da sede revolucionária desde que o mundo é mundo, não poderiam deixar de servir como reflexos de um novo sistema. Celebridades e sub-celebridades instantâneas, elevadas à um irracional patamar de adoração, são modelos a serem seguidos. O “lance” é parecer descolado. Ser inteligente, esforçado, empenhado? Isso é arcaico! A regra há pouco ditada consiste em agir como autoconfiança. Meninas devem ser perfeitas líderes de torcida enquanto os garotos dão vida à bad boys garanhões. Inspirados, é claro, em seus programas de televisão e filmes favoritos. Recentemente, em entrevista a uma rede de TV americana, Lady Gaga declarou que antes de compor, fuma maconha e bebe uísque, mesmo ciente de sua influência sobre a juventude (nada contra a Gaga).

Há , portanto, o alerta para que se tome cuidado (a que ponto nós chegamos!) com o tratamento que aqueles que possuem melhores notas e desempenho recebem nas escolas. Apenas precaução, para que não cresçam complexados e crentes que o mundo não aplaude pessoas inteligentes. Obviamente, não se espera que crianças conversem sobre a colonização do Brasil a durante o intervalo da escola. Embora eu ainda considere brilhante e admirável - e sonhe com um garoto que, ao puxar conversa, diga: “sabe, eu andei lendo sobre a Guerra Civil Americana...” Se eu me casaria com ele? Preciso responder?

The New York Girl wanted to be a cheerleader. But she's just an unpopular girl who likes to read about American Civil War.