sexta-feira

Nota 10 não é nada cool

Ter “A” no boletim, estudar para provas, acertar as perguntas de um professor, receber elogios por trabalhos bem feitos não são mais conquistas admiradas e almejadas por considerável parte da juventude. Transviada? Não. Apenas tentando encontrar o próprio caminho, como tantas outras gerações, desde os primórdios da história. Mas nos tempos modernos e tecnológicos de nosso parvo mundo, moças e rapazes têm como espelho celebridades instantâneas, não mais as grandes mentes que mudaram a humanidade. Estudantes com bom desempenho são agora alvo de chacotas e brincadeiras de mal gosto. O bullying, como se diz, vem levando os pequenos e esforçados gênios de nossas instituições a sentirem-se humilhados e reprimidos. Seu rendimento e auto-estima provavelmente caem. Sem falar nas tantas outras conseqüências acarretadas por esse novo modo de pensar. Não é hora de nos perguntarmos sobre onde perdemos a linha tênue do bom censo?


Na modernização mundial encontramos a resposta. Tecnologia, globalização, interação.  Praticamente benéficos em sua totalidade, os fenômenos que “transformaram um mundo numa só nação” (há controvérsias – e muitas!) podem ser julgados como “vilões” dessa nova linha de pensamento que tomou conta dos jovens. Consumir é o lema estampado nas faces e bolsos de cada um e os padrões de beleza e comportamento impostos pela mídia a partir dos anos 60 (quando surgiu, por exemplo, a idéia de que a mulher precisa ser magra para ser bela), de mãos dadas com o primitivo American Way Of Life, transformaram a sociedade em um grande cartão de crédito ambulante, que segue tendências e mais tendências. Assim, os jovens, como disseminadores de doutrinas e donos da sede revolucionária desde que o mundo é mundo, não poderiam deixar de servir como reflexos de um novo sistema. Celebridades e sub-celebridades instantâneas, elevadas à um irracional patamar de adoração, são modelos a serem seguidos. O “lance” é parecer descolado. Ser inteligente, esforçado, empenhado? Isso é arcaico! A regra há pouco ditada consiste em agir como autoconfiança. Meninas devem ser perfeitas líderes de torcida enquanto os garotos dão vida à bad boys garanhões. Inspirados, é claro, em seus programas de televisão e filmes favoritos. Recentemente, em entrevista a uma rede de TV americana, Lady Gaga declarou que antes de compor, fuma maconha e bebe uísque, mesmo ciente de sua influência sobre a juventude (nada contra a Gaga).

Há , portanto, o alerta para que se tome cuidado (a que ponto nós chegamos!) com o tratamento que aqueles que possuem melhores notas e desempenho recebem nas escolas. Apenas precaução, para que não cresçam complexados e crentes que o mundo não aplaude pessoas inteligentes. Obviamente, não se espera que crianças conversem sobre a colonização do Brasil a durante o intervalo da escola. Embora eu ainda considere brilhante e admirável - e sonhe com um garoto que, ao puxar conversa, diga: “sabe, eu andei lendo sobre a Guerra Civil Americana...” Se eu me casaria com ele? Preciso responder?

The New York Girl wanted to be a cheerleader. But she's just an unpopular girl who likes to read about American Civil War.

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