sábado

Aqui não é o meu lugar...

Essa geração (ainda não sei se posso chamá-la "minha geração") revoluciona cada vez mais. O que seria do mundo, hoje, sem os avanços da medicina? Sem a tecnologia? Sem a Justiça - que tarda, mas aos poucos não falha - ou os tabus quebrados? O que seria da mulher sem seus direitos adquiridos, o que seria da arte, em suas várias formas, sem os atuais modernismos? E por outro lado, o que seria de mim sem meus ídolos e paixões? :)
Apesar de tudo, sinto muito, "minha geração". Mas houve um pequeno erro. Pane no sistema, é. Mandaram uma pessoa errada  para o passado e me colocaram aqui, no presente (ou no futuro, se observado lá atrás). Então, fazer o quê? Viver né, dããã.



Foto: Anos 40 - The New York Girl e La Española, amigas há muitas vidas!
A cada dia cresce minha certeza: nasci na época errada. A cada nova música que ouço, a cada novo filme que assisto, a cada nova moda que é lançada, a cada novo livro escrito, me sinto mais desconfortável nesse mundo moderno. Ah, se eu pudesse escolher... Bem, acho que ficaria indecisa...
Posso ter nascido na Idade Média, ou sei lá, 1800 e abobrinha... Sabe, certa vez fiz um desses testes da Internet sobre 'quem foi você em sua vida passada' e fui a melhor amiga da Imperatriz Sisi, da Áustria (isso porque não queriam me revelar que fui a própria Sisi. Quer dizer, ela era meio louca e infeliz)
Posso ter nascido no auge da Guerra Civil Americana. Posso ter sido a verdadeira Scarlett O'Hara!
Ou quem sabe uma dama dos anos 20, 30, interessada em moda. Posso ter visto a explosão da bomba atômica em Nagasaki na década de 40. Nos anos 50, assistir ao sucesso de Marilyn Monroe em "Os Homens Preferem as Loiras".
Viver os anos dourados, 60! Me mudar para a nova capital de nosso país, Brasília. Nos anos 70, a rainha da pista, ao som de ABBA ("You are the Dancing Queen, young and sweet, only seventeen... ♪" alguém se lembra?). Sim, posso ter visto Michael Jackson brilhar nos anos 80. Ou ter dançado e
 cantado "Wannabe" com as Spice Girls em 90.
Aí... Depois disso tudo... Eu nasci, é. Pena que são só treze anos, e não dez mil... Quem me dera ter nascido há dez mil anos atrás...


Mas afirmo com veemência: meu lugar não é aqui. Ainda assim, se quiser me encontrar, lembrar-se de mim um dia, me procure nos clássicos... Estarei em cada filme, cada música, cada página daquele velho livro. Nos bons e velhos hábitos, na cordialidade. Estarei com o romantismo que se perde, serei aquela dama de época. Ao lado de tudo o que é esquecido e inevitavelmente, não se passa de um capítulo da história a ser lembrado...


The New York Girl is a little lady who got lost in the story...

4 comentários:

  1. Mari,
    A cada dia fico mais e mais admirada com vc...
    Vc é D+
    Te amo.
    bjus
    Luciene

    ResponderExcluir
  2. Mari, você simplesmente,não existe!!!!
    Beleza de texto, parabéns.
    Um abraço,
    Valente

    ResponderExcluir
  3. Talvez, "pense" ter nascido em época errada.
    O tempo, senhor de nós, tudo sabe e age de uma forma imperfeitamente correta...
    Com essa lucidez e brilhantismo, seria uma garota da idade média, anos 20 e 30 e 40 e 50 e 60.... muito atuante e deverasmente moderna...
    O tempo presente, a vida presente...
    Faça, invente, inove...
    O século XXI vai ser pouco pra voce...
    Beijos,

    ResponderExcluir
  4. Que brilhante...
    O tempo, senhor de nós, age de uma forma imperfeitamente correta...
    Pense,inove,invente...
    Garota de Nova Yorque, se da época da Idade Média aos anos rock 80, voce com certeza se sobressaeria...
    Contexto perfeito...
    Será que você não é o diferencial desse tão abscuro século XXI?

    ResponderExcluir