quinta-feira

Guerra não, apenas... amor

Chegamos ao final do ano, mas eu nunca tenho descanço. Faltam 13 dias (isso é um bom sinal, treze é o número da Tay Swift. Ah, e o meu também!) para o término das aulas, mas ainda sou massacrada com exercícios, atividades, etc. Trilha sonora: lerê, lerê, lerê, lerê, lerê! *Trabalha, Isaura!*
Mas quase tudo tem um lado bom; fim de ano na escola = filminhos, êba! Não que nós assistimos Twilight, como no ano passado (eu e La Española pedimos tanto, mas tanto, que as últimas aulas de português foram dedicadas a Bella e Edward. E depois ainda tivemos de fazer uma análise do filme, para nosso deleite). Nessa temporada, o tema foi Hotel Ruanda. A história da produção cinematográfica gira em torno do Genocídio de Ruanda, quando duas etnias do país africano - tutsis e hutus - entragam em guerra (quer dizer, isso já vem desde a formação de Ruanda). Estima-se que os mortos variam entre 500 mil e 1 milhão. Os tutsis foram massacrados. E então Paul Rusesabagina (que ainda está vivo e mora na Bélgica com sua família) abrigou mais de 1200 refugiados tutsis no Mille Collines, hotel no qual era gerente. Salvou inúmeras vidas. Detalhe: Paul é hutu, ou seja, deveria matar os tutsi. Mas não, ele os salvou! Sua esposa Tatiana, por exemplo, é uma tutsi.
Pois bem. Eu e La Española estávamos conversando sobre o filme esses dias. Ela me contou que chorou, chorou, chorou muito. Confesso que não chorei. Meus olhos ficavam cheios d'água, sim, mas me limitei a ficar paralisada, assustada, apenas pensando. Fiquei comigo mesma por um momento. Como quando leio algo em um livro antigo e fica encucada com os oblíquos costumes das pessoas de outras épocas. Sim, Hotel Ruanda pode ser definido como uma viagem ao mais profundo ponto de sua alma. Uma balde de água fria, por assim dizer, em seu "eu" egoísta. Seu "eu" que passa horas a fio pensando nas mais absurdas futilidades, enquanto outros, tão distantes, tentam apenas em SOBREVIVER. Um real e dolorido "tapa na cara" para nosso mundinho (resumido a escola-casa-internet) de absoluta e contínua egolatria.
Então, após assistirmos o filme, precisamos fazer algumas atividades. Responder perguntas, escrever sinopses e agora, criar um poema/música/charge/desenho sobre o tema Genocídio em Ruanda. Meus desenhos são piores que os de uma criança de seis anos. Não sou nenhuma Ella Fitzgerald para compor canções. Então eis o meu humilde poema sobre o tema. O nome se deve ao ano do Genocídio, 94. Quando aconteceu toda a tragédia grega - ou melhor, ruandense.

1994
O Sol se põe por detrás dos restos
Corpos estirados, lívidos, marcados
Ainda são nocivos, estão eles infestos?
Trazem o vazio dos gemidos silenciados?
São gente perdida, agora sem protestos

Os gritos não foram ouvidos,
Os prantos maternos, apenas ignorados
Jazem ali os sonhos interrompidos
Dentro de flácidos organismos aglomerados

Eram os reis e as rainhas
Outrora donos de faces sorridentes
Tratados então como ervas daninhas
Podres, desnecessários, pungentes

Da paz eles ainda se abstém
Oh! De mórbidos já bastam os vivos
Que os duques e duquesas durmam bem
Quietos, mudos, em gestos cativos

Querem apenas ser ouvidos
Gritar, implorar por ajuda
Mas têm lábios imóveis e doloridos
Suplicam urgentes, em sua alma muda
Que não os deixe cair no esquecimento de uma tragédia.

A imagem dessa postagem pode não fazer sentido, mas é minha fotografia favorita, "O Beijo": foi tirada na Times Square (vulgo minha avenida), em NYC (vulgo minha cidade), 14 de agosto de 1945 (vulgo uma de minhas décadas preferidas), quando o fim da Segunda Guerra Mundial foi declarado. Um soldado da marinha americana beijou apaixonadamente uma enfermeira que nem conhecia, de forma espontânea, para comemorar. Alfred Eisenstaedt  registrou o momento.
Mas enquanto não descubro a fórmula da paz e nem dos beijos apaixonados, continuo a ouvir Imagine. Talvez, algum dia, todos entendam o verdadeiro propósito dessa canção de John Lennon.

The New York Girl just hopes someday to tell your children that the planet Earth is a place of peace.

2 comentários:

  1. Nuu!! Quando vi Hotel Ruanda na minha escola eu quase desidratei. Entrei em desespero e tiveram que me tirar do auditório. Lembro que foi no último dia de aula,antes das férias de julho e nesse dia eu fiquei tocada e chocada. Tanta tristeza em um só local! Ai, e como eu também queria a receita da paz mundial! E como...
    Enfim, garota de Nova York,adorei o poema. Lindo mesmo!E também a história da foto, achei fofíssima! Um beijo!

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  2. Ah, não... Eu só fico desidratada quando assisto comédias românticas - De Repente 30 e os filmes da Sandra Bullock acabam comigo (uai, mas não era pra rir?), Twilight e claro, ...E o vento levou. Ah, além de um drama aqui, outro ali (vulgo Robert, amor da minha vida, em Remember Me).
    Mas Hotel Ruanda te paralisa, é incrível. Talvez a paz não precise de receita, mas bom senso. E apesar de "ONU" soar como sinfonia dos deuses a meus ouvidos, ainda não é a solução. Acordem! Presidentes, primeiros-ministros, reis, rainhas, pessoas, seres humanos! Não fechem seus olhos agora.

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